Eísódio I

Era atual.

Lagrimas quentes deslizaram pela face clara. Realmente doía muito o fato de que ele não a amava. Não existia pior martírio para uma mulher que ver o homem que ela tanto desejava, louco por outra. E Kagome passava por isso frequentemente.

Porque ele fazia isso com ela? Será que ele não percebia que isso a destroçava por dentro? Como lutar contra uma mulher que era ideal? Como lutar contra uma lembrança perfeita. Kikyou era forte, séria, linda, enfim... completa. Ela nunca teria chance. Mesmo que lutasse e tentasse demonstrar o quanto era melhor que a sacerdotisa, a luta era desleal. Quem poderia superar uma mulher como aquela? Então Kagome fez o que seu resto de dignidade pediu: saiu do pérfido jogo.

A linda menina levantou-se do chão onde estava sentada e olhou para trás. A arvore. Tinha sido o local que haviam se conhecido. E mesmo que tentasse evitar o sentimento, aquela arvore trazia as mais doces recordações de Inuyasha.

Por quê? Por que passava por tudo aquilo? Kagome nunca tinha feito mal a ninguém. Não merecia um destino daqueles. Ver o meio youkai que ela tanto amava nos braços de outra. Mas a escolha dele já havia sido tomada. Ele nunca iria deixar de amar Kikyou e ela devia aceitar isso.

Ela mexeu nos cabelos escuros e os colocou atrás da orelha. Era tão bela, mas não tinha a menor noção da sua aparência. Aliais, o tempo que passou na era feudal acabou com sua auto estima, mas agora estava de volta a sua casa e devia reconstruir sua vida.

Ela secou as lagrimas e tentou sorrir. Sua mãe sempre dizia que das historias tristes deviam-se tirar lições. Um dia Kagome iria olhar para trás e rir de tudo aquilo. Um dia ela iria encontrar alguém especial e quando se lembrasse de Inuyasha iria divertir-se imaginando o como ela “achava” que estava amando, e o quanto havia sido boba. Oh Céus! A quem ela tentava enganar? Ele era parte de si mesma. Parte das células do seu corpo. Podia prever uma vida triste porque nunca deixaria de amá-lo.

-Kagome, venha jantar.

O som da voz da mãe chegou aos seus ouvidos a acordando do estado de letargia. Sacudindo as folhas que haviam ficado na sua roupa, ela entrou na casa.

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Era feudal.




-Ela foi onde? – gritou Inuyasha.

-Já disse. Ela voltou para casa. –respondeu Sango mordendo um pedaço de peixe.

Alem de Inuyasha e Sango, Miroki, Kirara e Shipou também se encontravam presentes. Era noite e todos jantavam em frente a uma fogueira após a chegada a aldeia de Kaede.

-Sei... – disse o Youkai de cabelos prateados. – E quando ela volta?

Sango irritou-se.

-Já disse! Ela não volta! Acabou Inuyasha! Ela nunca mais vai voltar!- a voz dela elevou-se, mas logo abaixou quando falou com o lindo menino raposa que se encontrava do seu lado - Shipou, explique para este idiota.

Sango estava realmente brava e Miroki resolveu não tomar partido, nem se meter. Ele compreendia o porquê. A namorada e a melhor amiga dos dois, Kagome, haviam se despedido na tarde. A moça da era futura contara a Sango como estava triste e que tomara uma decisão difícil de não voltar mais para o passado. Logo depois ela despediu-se dos demais, com exceção de Inuyasha e foi embora. Havia algo de diferente daquela vez e Miroki sentiu desta vez um aperto no coração que ainda não havia saído. Nunca havia experimentado esta sensação das outras vezes que Kagome havia voltado para a sua era.

-Inuyasha, seu bobão! A Kagome não volta mais. Ela foi embora pra sempre! E a culpa foi sua. – disse o menino com lagrimas nos olhos.

-Bobagem... Ela sempre volta.

Sango não respondeu. Apenas se levantou zangada e saiu da presença dos demais. Inuyasha a acompanhou com os olhos. Havia algo de diferente naquela noite... As estrelas não brilhavam como antes.

Inuyasha, claro, sabia o porquê de Kagome estar magoada. Como sempre acontecia ele não se preocupava em ocultar seus sentimentos por Kikyou. Aliais, nem sabia mais o que sentia por uma ou pela outra. Mas afinal, ora... Por que tanta briga? Havia o bastante dele para as duas, pensou egoísta. E com aqueles pensamentos foi dormir certo do retorno de Kagome.

Mas ela não voltou...

Continua...