sábado, 26 de abril de 2008

Episódio V

Era feudal Ele avistou ao longe a aldeia de Kaede. Já se passara uma semana desde o ultimo encontro com Kagome. Aliais, que ultimo encontro! Inuyasha estava tão confuso e desnorteado que ainda não havia entendido direito o que tinha acontecido. Quando voltara para a era feudal, resolveu não ir de encontro com os amigos imediatamente. Precisava de um tempo longe de todos. Um tempo sem que ninguém o fizesse perguntas e um tempo pra tentar colocar a vida nos eixos. Mas agora estava de volta. Teria que enfrentar os amigos e explicar que não conseguira convencer Kagome do seu amor. Eles a haviam perdido e a culpa era dele. Será que Miroke, Sango, Shipou e Kirara o perdoariam? -Onde ela esta? – Foi a pergunta que Sango fez assim que o viu. -Prazer em revê-lá também – ele rebateu fadigado. Passando por Sango, ele se sentou em um banco próximo, mas a amiga não o deixou. -Cadê Kagome? Shipou me disse que você finalmente tinha criado juízo e tinha ido busca - lá. -Eu fui. Mas ela não me quer mais. Após dizer isso Inuyasha esperou as palavras de conforto de Sango, mas percebeu que não iria ser bem aquilo que receberia. -Bem feito pra você! Você merece isso! -Droga Sango, estava esperando seu apoio! -Pois não o terá. Você não merece o amor dela. Esqueceu que eu acompanho esta historia há muito tempo e sei o que ela passou por sua causa. Alem disso, se tenho que ficar do lado de alguém, será do dela! – disse bufando. -Não adianta Inuyasha... Sango esta naqueles dias e não terá piedade de você – falou Miroke se aproximando. O casal se olhou e Inuyasha percebeu o quanto eles estavam mais unidos depois que tudo havia acabado. Ficaram juntos afinal! Isso seria obvio, mas mesmo assim, era uma satisfação perceber que o amor venceu, pelo menos no caso deles. -Inuyasha, bem... lamento mas você terá que voltar lá e busca - lá. -Não vou mais! Acabou! – ele irritou-se. Havia machucado Kagome quando fez amor com ela. Isso lhe doía muito. Era um monstro. Como poderia ter tido coragem de fazer aquilo com ela? Com a mulher que ele dizia amar? -Não me interessa, você vai voltar lá e pronto – Sango gritou. Inuyasha estranhou a reação dela. Sango não era assim. O que estava acontecendo? -Droga, porque esta falando assim comigo? -É a metamorfose, Inuyasha - disse Miroke rindo. -Que metamorfose? -A de linda e doce namorada pra esposa! Inuyasha ficou surpreso com aquilo. Então percebeu que Miroke colocava as mãos no ombro de Sango e o casal sorriu. -Quando vocês decidiram? -Alem de imbecil ficou esclerosado? – perguntou Shipou que também vinha ao encontro do trio. -Cale esta boca, piralho – disse Inuyasha batendo na cabeça do menino raposa e após se dirigiu ao casal. – Sei que vocês disseram que iriam se casar quando a luta contra Narak acabasse, mas não esperava assim tão rapidamente. -Tomamos a decisão um dia depois que você foi atrás de Kagome. –disse Sango. -Não lhe comunicamos nada antes porque você desapareceu. –completou Miroke. -Eu voltei faz uma semana, mas preferi ficar sozinho na floresta...-ele esclareceu- Quando será o casamento? –desconversou. -Aqui há três dias! -COMO? -Você teria sido comunicado antes se não houvesse sumido. – disse Shipou. Inuyasha se arrependeu imediatamente da atitude covarde. Queria ter estado do lado dos amigos quando eles anunciaram sua decisão de viverem juntos e pertencerem eternamente um ao outro. Também queria aquilo com Kagome. Estava com inveja? Podia ate ser, mas era uma inveja saudável. -... e eu quero que Kagome seja minha madrinha – anunciou Sango. Então ele percebeu que não estava prestando a menor atenção no que a amiga falava, tamanho seu envolvimento com os próprios pensamentos. Mas quando entendeu o sentido das palavras, resolveu não dizer nada a Sango. Precisava explicar o que havia acontecido apenas a Miroke. Ele era homem. Ele entenderia. -Miroke, posso falar com você? O outro assentiu e os dois saíram caminhando para o meio da mata deixando Sango e Shipou para trás, numa conversa animada sobre a festa que haveria. Os passos de Inuyasha o guiaram a um local que ele não esperava. A árvore. Parou em frente ao vegetal e o observou. Viveu ali momentos muito importantes.. Mas o mais significativo foi seu primeiro encontro com Kagome. -O que aconteceu na era da Kagome, Inuyasha?-Miroke quebrou o silencio. -Tenho ate vergonha de falar - disse suspirando. O outro insistiu. -Eu amo Kagome como a uma irmã. Acho que tenho o direito de saber. Inuyasha encarou o monge um pouco envergonhado. -Fui um covarde. Miroke arregalou os olhos. -Deus, você bateu nela? O youkai quase engasgou. -Claro que não, de onde tirou esta idéia?! O monge se tranqüilizou. -Menos mal. Acho que uma mulher pode desculpar qualquer coisa que fazemos menos isso. Inuyasha sorriu. -Engraçado Miroke, mas acabei de perceber uma coisa. -O que? -Você não entende nada de mulheres! Então os dois riram. Pareciam dois loucos gargalhando em frente a uma arvore enorme. Lagrimas se formaram nos olhos de Inuyasha e ele, imediatamente lembrou-se de todas as vezes que Kagome chorou por ele. Então, subitamente, a risada cessou. -Machuquei Kagome, Miroke. Não posso voltar lá. O que fiz não tem perdão. -Você a machucou muitas vezes desde que ela apareceu aqui nesta era. Não entendo o ataque de consciência agora. Miroke foi frio ao falar aquilo. Inuyasha entendeu o porquê. Muitas vezes durante o tempo em que os cinco amigos viajaram juntos, o monge havia alertado Inuyasha para escolher de uma vez qual das duas mulheres ele queria. Mas Inuyasha tardou a eleger a dona do seu coração e por causa disso havia perdido Kagome. -A machuquei de um jeito diferente. – disse enrubescendo. Então tudo ficou claro para Miroke. -Você se deitou com ela. O outro suspirou. -Você fala de uma maneira que parece vulgar. Eu definiria o que fiz como conseqüência de amor. -Não importa o nome que você dá. Você dormiu com Kagome e agora aparece na minha frente dizendo que a feriu. O que fez? Disse o nome de Kikyou? -Faça-me o favor. Não esta obvio que eu amo a Kagome. Acha que estaria pensando na Kikyou enquanto estivesse dormindo com ela? -Então o que houve? -A machuquei durante... anh.. o ato. O outro então coçou o queixo. -Isso é muito normal. Normalmente as virgens sofrem durante a primeira vez. -Mas você tinha que ver a cara dela. Estava sofrendo muito. Não percebi, mas acho que estava sendo um animal. – prossegue – enfim, acho que nunca mais vou conseguir encarar Kagome. -Vai ter que encarar se não quiser uma exterminadora de youkais no seu pé pro resto da vida. Se eu pudesse, meu amigo, desceria pelo poço e buscaria Kagome para o meu casamento. Mas infelizmente só você consegue isso e Sango não casa sem Kagome aqui. O outro esbravejou. -Você não tem pena de mim não? Não vê que estou sofrendo? Como acha que vou ter coragem de ir tranquilamente ate Kagome e a convidar para assistir a um casamento depois de ter a feito sangrar daquele jeito? Miroke se aproximou de Inuyasha e colocou uma das mãos no ombro do amigo de cabelos prateados. -Meu caro, você esta assustado porque foi a primeira vez dela mas garanto a você que Kagome deve estar mais calma agora e com certeza não culpa você por ter a machucado. -Não sei Miroke... -Olha.. na segunda vez de vocês ela não vai sentir dor nenhuma. Você vai ver que isso passa. -Anh.. Miroke..a gente já teve a segunda vez.. na mesma noite. -O QUE??????????? -Foram duas vezes... -DUAS?????????? Agora o outro também se preocupou. -Realmente Inuyasha! Que vergonha! Como você teve coragem de ter a forçado a uma segunda... você sabe... logo na primeira vez, sabendo que tinha machucado Kagome ...francamente... -Mas eu não forcei- Inuyasha cortou defendendo-se. -Como assim? O youkai então ficou completamente vermelho. -Ela que.. veio pra cima de mim... Então Miroke gargalhou. -O que é tão engraçado, baka? – gritou o youkai. -Meu caro.. você é muito burro. -Como tem coragem...? -Você não a machucou! Se tivesse ela nunca iria querer uma segunda vez. Você é tão ingênuo meu amigo.. -Falou o sabe tudo... Então me responde sabichão, por que ela me mandou embora? Miroke ficou serio. -Provavelmente ela acha que você não a ama. -Mas eu disse que amo. O outro voltou a rir. -Imagino como... Com a sua costumeira delicadeza? Então eles se encaram por alguns segundos. -Acha que posso ir atrás dela de novo? -Você deve! Então Miroke viu Inuyasha caminhando em direção ao poço. Ele sumiu. Uma semana desde que ela se transformou em mulher e ele nunca mais deu o ar de sua graça. Porque esta incomodada com aquilo? Não era o que ela queria? Não foi o que ela o mandou fazer? Saber que nunca mais o veria doía profundamente. Principalmente depois que se ligou a ele por um laço invisível. Nos braços dele conheceu o céu e o inferno em segundos. Quantas sensações viveu naquela noite de chuva. Ela suspirou e afundou o rosto nas mãos. Sentada num bando no jardim da casa ela imaginava como viveria a partir de agora. Por que se entregou a ele? Como mulher, ela sabia que aquela noite seria eterna em seus pensamentos. Mas com certeza, o mesmo não aconteceria com ele. “-Suma da minha frente, volte agora pra sua Kikyou.” Deus, como havia tido coragem de se levantar, ainda sentindo todo o corpo palpitar por ter recebido Inuyasha dentro de si e ter dito aquelas palavras tão duras? Mas precisava. Continuar com ele, fazendo amor com aquele youkai, mas sabendo que ele a possuía pensando na sacerdotisa, iria matá-la lentamente. Seria um veneno que tomaria em pequenas porções. “-Já falei que vou ficar com você, droga!” Como queria ter acreditado naquelas palavras. Pareciam sinceras. Talvez ate fossem... Mas deixariam de ser assim que ele visse Kikyou novamente. Ela já estava cansada de saber que na primeira aparição da sacerdotisa ele iria abandoná-la para correr atrás da outra. E não poderia culpá-lo, pois Kagome sempre soube quem era o verdadeiro amor dele. “-Eu a machuquei Kagome?” Fisicamente havia sido o momento mais maravilhoso de sua vida. Lógico que sentiu uma dor quando ele a invadiu, mas seus pensamentos estavam em tamanho turbilhão que não deu importância. A única coisa que quis foi senti-lo mais e mais. Mesmo com aquela ardência normal, a dor logo se transformou em prazer. Mas seu coração estava devastado pelo sofrimento de ter o amor não correspondido. Já havia passado o abandono tantas vezes no passado, que não agüentaria quando ele se levantasse da cama e saísse correndo atrás de Kikyou.. então... “Sim, me machucou e não quero vê-lo nunca mais” Quanta mentira! Naquele exato momento ela queria o ver. O sentir. Fazer amor com ele novamente, mesmo sobre o sol da tarde. -Kagome... Deus... estava tendo alucinações? Inuyasha estava parado na sua frente. Ele parecia nervoso e totalmente carente de atenção. “Coragem Kagome”, ordenou para si mesma! Precisava resistir àquela tentação. -O que quer aqui? As palavras saíram de sua boca de uma maneira mais terna que desejava. Devia empurrá-lo pelo braço ate o poço e exigir que nunca mais voltasse. Mas ao contrario, estava ali, na frente de Inuyasha se segurando para não abraça-lo. -Sango e Miroke vão se casar. Ele foi direto. Ela parecia prestes a pular em cima dele, então Inuyasha resolveu esclarecer tudo de uma vez. -Eles querem você lá. Eles? E você? Ela quase colocou as mãos sobre a boca para impedir das palavras saírem. No fundo, não podia culpá-lo. Ela, de certa forma, se ofereceu a ele, e ele, apenas usufruiu de alguns momentos. E agora estava tudo acabado. -Quando? -Aqui a três dias é o casamento. -Eu irei. Então ele assentiu com a cabeça e foi caminhando em direção ao poço. Mas de repente parou, perguntando sem se virar: -Ainda dói? O corpo doía sim. Doía de falta dele. De vontade de se entregar de novo. -Não. – ela respondeu. Sem dizer mais nada ele voltou ao poço. CONTINUA...

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