sábado, 26 de abril de 2008

Episódio VII


Era atual
Deus, como havia sido burra! Jurava que tinha visto amor nos olhos de Inuyasha quando estivera na cerimônia de Sango e Miroke. Ficara tão feliz achando que ele lhe pedia perdão silenciosamente. Como devia ter ficado satisfeito, quando ela o olhara com tanta adoração. E depois, quando ele se aproximou, ela encostando-se nele, acreditando estar apenas mostrando seus verdadeiros sentimentos. Que idiota! Que vergonha! Ela nunca mais teria coragem de olhar para ele. Com certeza, Inuyasha achara que ela estava se oferecendo, e devia estar planejando levá-la para algum local solitário após a festa, para que passassem mais uma noite juntos fazendo amor. Ele devia achar que ela era uma fácil. Uma oferecida. Sentiu o rosto molhado pelas lagrimas e nem tentou secar. Passava as mãos no peito tentando abafar um pouco aquela dor. Boba! Na festa, deu as mãos a ele. Um casal! Só na sua mente infantil mesmo. Então a mulher que Inuyasha amava apareceu e ele nem pestanejou ao deixa - lá sozinha. Bom, era o que ela merecia mesmo, porque havia sido fácil e burra! Lembrar agora aqueles momentos a fez gemer alto. Nunca mais teria coragem de se olhar no espelho. Perdera a sua dignidade. -Kagome... Abra a porta, querida. Era sua mãe. Lógico que toda a família viu quando ela entrou correndo em casa chorando e se trancou em seu quarto. Mas a mãe de Kagome deu um tempo à filha para que a mesma conseguisse se recuperar do baque. Kagome foi lentamente à porta e a abriu. A mãe a olhava com uma ternura impar. -Meu amor... E elas se abraçaram. Queria ficar assim pra sempre. Nunca mais sair daqueles braços que a tranqüilizavam. -Fica assim comigo mãe- ela disse entre soluços- não me deixe. -Nunca filha. Não chore. Seja lá o que aconteceu, o tempo há de curar. Kagome riu ao se lembrar que há menos de duas semanas atrás imaginava porque o tempo ainda não havia curado sua dor. Agora o amaldiçoava porque a dor seria eterna. Era feudal Shipou ficou olhando de longe Inuyasha sentado em uma pedra. O que será que havia acontecido? Kagome saíra atrás dele e não retornara. Então ele saiu atrás dos dois, mas só achara o meio youkai olhando para o horizonte. Inuyasha estava chorando? Não, ele só havia visto Inuyasha chorar uma ou duas vezes em todos aqueles anos e nem acreditava que veria novamente, pois o Youkai era muito orgulhoso. Mas Inuyasha chorava sim. Eram lagrimas silenciosas que desciam pela face e caiam sobre a roupa vermelha. Tudo acabado! Kagome havia lhe dado a ultima chance e ele a desperdiçou covardemente. Não duvidava que naquele momento ela realmente o odiasse. Ele mesmo se detestava. -Inuyasha... -Me deixe sozinho Shipou... -Mas... -Saia daqui!!! O garoto ficou desconcertado, mas não queria abandonar o mais velho assim. O que será que havia acontecido? -Onde esta Kagome? Inuyasha mordeu os lábios. -Foi para casa. Então ele se levantou da pedra e saiu caminhando. Shipou não o seguiu. Viu que não adiantaria tentar dar seu apoio, porque o outro não queria. Inuyasha caminhou algumas horas sem parar. Ele não sentia o próprio corpo. Pisava no chão, mas era como se caminhasse nos ares. Agora sabia como Kikyou se sentia. Estava morto! Adentrou na floresta e nem notava que ela se tornava mais densa. Queria sumir entre as arvores. Desaparecer do mundo! Ele nem merecia viver! Conseguiu ferir Kikyou a desprezando depois de tanto tempo... e também machucara Kagome. Isso sim, lhe doía profundamente. Era um monstro terrível. Não tinha escrúpulos nem decência. A honra não existia! Era pior que Narak, porque o vilão pelo menos não era tão covarde quanto ele fora. -Ei cara de cachorro, o que esta fazendo sozinho aqui? Inuyasha sentiu-se feliz ao ouvir a voz de Kouga. Estava louco pra brigar com alguém e ninguém melhor que o Youkai lobo. -Lobo fedorento... -Miroke mandou me convidar pra festa de seu casamento, mas eu cheguei atrasado. Estava vindo embora quando vi você vindo nesta direção, parecendo um zumbi. O que aconteceu? -Não te interessa. O outro sorriu. -Brigou com Kagome? Ótimo! Caminho livre pra mim! -Cala esta boca! -Ora, quanto nervosismo. O que você fez para ela? Inuyasha não respondeu. Ele e Kouga não eram amigos, mas também não se odiavam tanto quanto queriam que os outros acreditassem. Não era segredo para ninguém que o Youkai Lobo desejava Kagome. E isso sempre enlouqueceu Inuyasha de ciúmes, mas também o enchia de confiança, porque sabia que apesar das investidas de Kouga, era ele, Inuyasha, que Kagome amava. Ou pelo menos amara... porque naquele momento ele já não sabia mais de nada. -O que você fez baka? –Kouga repetiu a pergunta. -Ela me viu com a Kikyou... Por que explicava a situação para seu rival? Era um tolo mesmo! -É impressionante como você é burro! Trocar Kagome pela morta ambulante... Você não a merece mesmo! -Não troquei Kagome por ninguém – ele gritou – ela entendeu mal... E também não fale assim de Kikyou. -Não gosto daquela sacerdotisa! -Não precisa gostar, mas não a desrespeite. Kikyou já sofreu muito. Kouga se irritou. -Quem você ama, idiota? -A Kagome! -Então porque defende tanto sua ex namorada? Não sabia explicar. Era um sentimento de culpa que tornava Inuyasha num eterno devedor de Kikyou. Ele sabia que tinha uma divida com ela. Mesmo não sendo culpado por sua morte, foi por amá-lo que ela morreu. Se os dois não fossem tão próximos, se ele não a tivesse conquistado, Narak nunca a teria enganado. Além disso, ele sentia pena da sacerdotisa. Kagome era rodeada de amigos, a moça da era atual tinha a ele, uma família, etc... Kikyou não tinha ninguém. Era um ser solitário, morto, abandonado a própria sorte. -Escolha de uma vez qual das duas você quer! Não acho justo que você me atrapalhe, sendo que quer Kikyou – disse Kouga o provocando. -Cale esta boca! Eu amo a Kagome. -Pois não parece... -Morreria por ela! -Mas também fica com outra mulher na sua frente! Diante desta verdade Inuyasha se calou. O que responder? Era verdade! Está certo que não era o objetivo dele magoar Kagome, e que só queria se despedir de Kikyou, mas mesmo assim, a menina o tinha visto com a outra nos braços se beijando. Contra um fato assim não havia discussão. E foi por isso que ele não saiu correndo atrás dela. Iria dizer o que? Ela o viu! Agora ao meio youkai só restava se tornar numa versão masculina de Kikyou. Sozinho... Sem amor. -Inuyasha.. Você é com certeza o maior idiota que eu já conheci. No susto, Inuyasha lembrou-se de Kouga. Estava tão absorvido nos próprios pensamentos que esqueceu completamente o outro youkai. -Então o que esta fazendo aqui falando comigo? -Eu a amo de verdade. Inuyasha quase engasgou com aquilo. -Não quero saber dos seus sentimentos, imbecil – gritou revoltado. -E quando o amor é verdadeiro, a gente só quer ver a pessoa amada feliz. Foi por isso que Kagome se sacrificou tantas vezes. Ela acredita que você ama Kikyou. Mas eu sei que não ama... – ele sorriu – Daria a vida para que você amasse a outra. Deste jeito eu teria uma chance enorme de conquista – lá. -O caminho esta livre pra você! Kagome não me quer mais. – ele nem acreditava que estava falando isso. -Não, não esta. Quando é amor mesmo, Inuyasha, não somente sentimento de desejo ou possessão, não se é egoísta. Eu amo tanto Kagome que quero que ela seja feliz. E ela vai ser com você! Porque a única coisa que falta a vocês dois é descobrirem que o sentimento é mutuo. Kouga então deu as costas ao meio youkai. O Lobo não conseguia acreditar que acabara de falar aquilo. Kagome era tão importante para ele. Tentou esquece – lá, mas não conseguira. Seria um sentimento eterno e não correspondido. Admirava muito a humana. Ela era linda. Mas também forte. Era tão pura que ele não conseguia acreditar que fosse real. Uma fada dos contos de fadas que adentrou na sua vida, apenas para lhe dar um gosto de felicidade, para depois arrebata-lo para a tristeza da paixão não retribuída. Mas ela merecia ser feliz! Oh sim, se alguém neste mundo merecia sorrir era aquela moça. E ele não se importava que esta felicidade fosse à custa de suas lagrimas. Inuyasha viu o Youkai indo embora. Ele nunca havia visto Kouga falar daquela maneira. Estava ate assustado com as palavras do outro. Sentimento mutuo? Sim, ela o amava. E ele a amava! Por que raios tudo conspirava para que ficassem separados? Mas não! Não ia mais desistir dela! Sempre foi teimoso e agora deixaria de ser no momento mais importante de sua vida? De jeito nenhum! Seria persistente... nem que ficasse o resto da vida ajoelhado aos pés dela. -Kagome... Já estou indo. E saiu em disparada em direção ao poço. CONTINUA...

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