sábado, 26 de abril de 2008

Episódio VI


Era feudal Sango estava linda. O Vestido branco que usava para o casamento parecia desenhado para ela. Miroke não pode deixar de se sentir orgulhoso quando ela disse sim. Aquelas palavras ditas a frente da sacerdotisa Kaede agora confirmava e selava para sempre um amor que nasceu quase sem querer. Inuyasha sorriu. Era bom ver aqueles dois juntos. Era ótimo ver o bem vencendo no final. Sango e Miroke mereciam todas as felicidades e com certeza a teriam. Já fazia um certo tempo que o monge havia deixado de se atirar para todas as mulheres que conhecia. E Sango também passou a confiar mais no namorado, agora marido, transformando as cenas de ciúmes em situações raras. Logo após a cerimônia algumas mulheres acompanharam Sango ate uma casa da aldeia enquanto os demais usufruíam a festa que se iniciara. Inuyasha mal viu Kagome. Ela fez questão de ficar bem longe dele. Mas ele não pode deixar de notar o quanto ela estava linda num delicado vestido azul. Algumas flores ornamentavam seu cabelo e ela conseguiu assistir a toda a cerimônia com um sorriso nos lábios. Ele nem imaginava a que custo... A vontade dela era de sair correndo dali e chorar. Por que veio? A resposta era obvia. Sango. Sua amiga, sua irmã de alma estava se casando e Kagome devia estar ali dando todo seu apoio a ela. Mas ela mal conseguia respirar ao notar como Inuyasha a encarava por alguns momentos. Foi um alivio quando a cerimônia acabou. Sango a convidou a ir ate uma casa para arrumar suas coisas. A exterminadora e o monge iriam iniciar sua vida longe dali. Ficariam um tempo sozinhos curtindo uma espécie de lua de mel, e após, voltariam para buscar Shipou. -Isso se você e Inuyasha deixarem de bobagem e ficarem juntos. Vocês são os verdadeiros pais de Shipou do coração. – acrescentou Sango sorrindo. A amiga não fazia idéia, mas era muito provável que Inuyasha e Kagome nunca ficassem juntos. Se a vida a dois já é difícil com amor, imagina sem ele, pensou Kagome. E ela não achava que somente seu amor era o bastante. Sabia que com o passar do tempo não ia suportar a infidelidade de Inuyasha. Mas queria ficar com Shipou. Se não fosse tão complicado com certeza ficaria com o menino e o levaria consigo. Mas não tinha como. Sentia lagrimas nos olhos ao pensar que ficaria longe dele... Que ele cresceria e se transformaria num lindo Raposa e ela não estaria lá para ver. Mas Shipou ficaria para sempre no seu coração. De repente Sango fez um sinal para as demais mulheres e as outras se retiraram. Ficaram as duas jovens sozinhas no aposento. -Mesmo sendo o meu casamento, mesmo eu sabendo que deveria ter olhos e pensamentos só para mim mesma, não pude deixar de notar como Inuyasha a olhava e então compreendi. – falou Sango sorrindo. -Compreendeu o que? – indagou Kagome. -Que ele ama você. Kagome sentiu vontade de rir com a afirmação da amiga. Sango não podia estar mais errada. -Esta enganada... -Não, eu não estou enganada. É você que esta! Fecha seus olhos para os sentimentos de Inuyasha. Tenta, em vão, construir um murro em volta de si mesma achando que com isso vai se proteger de qualquer sofrimento, mas não percebe que não viver este amor esta consumindo você! -Não quero mais falar sobre isso – Kagome explodiu- Achei que fosse minha amiga! Você viu... tantas vezes... nunca fui mais importante para ele do que Kikyou... – ela disse com a voz cortada pelas lagrimas. Então Sango a abraçou. Um sentimento tão puro que nada exigia. Eram amigas a qualquer custo. Sobre qualquer circunstancia. A Exterminadora ficou a pensar que talvez fosse egoísmo seu estar tão feliz com sua lua de mel, com Kagome naquela situação. -Eu amo você Kagome – disse a amiga sobre seus ombros. -Também a amo. -Lute por sua felicidade. Lute pelo que você quer. Kagome então se separou. -Não sei mais o que quero. -Eu vejo nos seus olhos o que você quer. Você não pode mentir pra mim... então não minta para si mesma. Era um apelo racional. Mas Kagome tinha medo de seguir seu próprio coração. Rejeição dói demais. Kagome esfregou nervosamente as mãos no vestido e tentou clarear a mente. Era um dia de festa afinal. Sua melhor amiga estava casada e elas estavam ali falando de tristezas. Deus, como conseguia ser tão individualista? Devia estar ajudando Sango a fazer planos para o futuro e não falando de sentimentos do passado. Num salto ela pegou as mãos de Sango entre as suas. -Querida, vou sentir sua falta! Quanto tempo vai ficar na lua de mel? Sango, é claro, percebeu que Kagome desconversava. Mas resolveu não insistir. -Ainda não sei direito. Vamos ver... E as duas começaram a falar animadamente de Miroke. Mais tarde, entre sakuras caídas ao chão, Sango desfilava junto com Miroke em direção a Kirara. Já haviam se despedido, mas Kagome insistiu que antes de ir embora ela deveria jogar o buquê da noiva. Segundo disse, a moça que pegasse seria a próxima a se casar. Não que Kagome quisesse o buquê, mas queria tornar a festa de Sango a mais divertida possível. Sorrindo ela viu as moças se amontoarem próximas a noiva e ouviu Sango começar a contar. Mas de repente ela não viu mais nada. Inuyasha estava encostado em uma arvore olhando tão diretamente para ela que ela se sentiu totalmente estranha. Era estranho ele a encarar. Normalmente fazia isso quando estava zangado. Ela tentava desviar os olhos mais não conseguia. Ouvia ao longe as gargalhadas das outras pessoas, mas sentia uma vontade enorme de chorar. Queria tanto ter estado ao lado de Inuyasha durante a cerimônia. Gostaria de ter pegado na mão dele e dito que o amava. Mas não podia. Este era um pecado que se recusava a cometer. ACABOU! “Aceite isso, Kagome!” ordenou para si mesma. Não importava o quanto o amava. Não importava a noite de amor que passaram. Tudo tinha um fim. E teve um fim. Mas não conseguiu evitar olha-lo novamente. O coração então deu um salto passando a bater des­compassado ao notar os olhos do youkai fixos em seu rosto. O sofrimento estava estampado nas belas feições, e havia ternura e tristeza nos olhos penetrantes. Então, ela desviou o olhar. Respirou fundo, tentando controlar as batidas do coração. Mas os olhos não mais lhe obedeciam. E ela olhou novamente. Todo o corpo começava a ceder numa ânsia absurda de correr ate ele, encosta-lo numa arvore e ama-lo como mulher. Tomada por estas sensações desencontradas, ela sentia também uma forte vontade de agredi-lo. Bater nele ate ele compreender como ela se sentia. Que não queria dividi-lo com ninguém. Queria que ele pertencesse a ela e desprezasse Kikyou. Sensações horríveis, ela admitia, mas era o que sentia. De repente os olhos dele mudaram. Era um pedido mudo de perdão. Deus, como o amava. Como conseguiria manter-se estável em não desculpa-lo por tudo? Mas precisava. “Agüente firme, Kagome”, ela gritava para si mesma. “Aceite-me de volta”, dizia Inuyasha com os olhos. “Não, nunca mais” gritava ela com os seus. De repente todos da festa sumiram junto com o local. O meio Youkai e a moça do futuro estavam num tempo e espaço diferente, onde só existiam ambos. “Uma ultima chance.. por favor”. Ele a torturava com seus olhos e ela sentia a dor nascente no peito. Inuyasha era tão importante para ela como o ar. As lembranças de cada momento desfilaram na sua mente. Quanto tempo havia se passado desde que eles se conheceram? Pareciam séculos. Conhecia tão bem o meio youkai que mesmo aquele momento em que viviam as palavras não precisavam ser pronunciadas, porque Kagome lia tudo no olhar. A moça então sentiu que ia chorar. Tentando evitar as lagrimas ela abaixou o rosto e assim ficou alguns segundos. Inuyasha sabia que a resposta viria assim que ela levantasse a cabeça, e seria a resposta definitiva. E ele esperou. Parecia uma eternidade, mas então ela se mexeu. Quando ela finalmente o fitou ele abriu o maior dos seus sorrisos. Kagome o encarou com os olhos transbordando de amor. “Ela é minha de novo” ele pensou feliz. Agora era pra sempre. Nunca mais nada e nem ninguém os separariam! Ele nunca permitiria. Sentia vontade de correr ate ela e se ajoelhar aos seus pés agradecendo. Foi então que Kagome olhou para frente e ele percebeu que o cortejo nupcial continuava. Mas desta vez com uma sensação diferente. Agora sim, o casamento de seus amigos estava perfeito. Era o momento mais importante da sua vida, depois da primeira vez com Kagome. Porque raios aquela festa demorava tanto pra acabar? Estava louco para pegar Kagome pela mão e a levar ate um lugar isolado. Faria amor com ela seguidas vezes ate o dia amanhecer. Absorvido pelos pensamentos ele nem notou quando suas pernas iam em direção a ela. Quando a alcançou ela não se mexeu nem o olhou. Será que estava arrependida? -Você esta adorável - ele murmurou baixinho. Ela estremeceu, mas não se virou para ele. Inuyasha então começou a se perguntar se o que vira nos olhos dela não havia sido fruto de sua imaginação obcecada por ela. Será que ele se enganara? Ela não o havia perdoado? Meio sem saber o que fazer, ele então a rodeou e ficou atrás dela. Então, de modo sutil Kagome deu um passo atrás e encostou-se nele. Não... Não era mentira. Ela havia voltado! Ela o amava! A emoção de senti-la ali, contra seu corpo, totalmente entregue a ele, deixou-o sem reação por algum momento. Então, lentamente, deslizou os braços ao redor da cintura dela, puxando-a para mais perto enquanto descansava os lábios ao topo da sua cabeça. Kagome não opôs resistência, ao contrário, entregou-se ao carinho fechando os olhos. Ao longe Sango percebeu o que aconteceu e sorriu. Puxando levemente Miroke pelo braço, acenou levemente com a cabeça para o marido. Ele olhou e começou a rir. -Viu só? - Disse Miroke a Sango - você fica preocupada, mas eu sempre soube que aqueles dois não conseguem ficar um longe do outro. -Tem razão como sempre – ela disse orgulhosa pousando os lábios nos dele. Pouco depois os dois partiam para sua viagem de núpcias deixando para trás o povo em festa. Kagome e Inuyasha começaram a caminhar entre eles sem nada dizerem. As mãos estavam dadas e os corações entregues. Não queriam conversar. Palavras não eram necessárias. -Kagome! -Oi Shipou? – ela disse sorrindo para o seu menino. Sim! Ficar com Inuyasha também era ficar com Shipou! Ela sentia vontade de dançar de tanta felicidade. Enfim... Seu sofrimento tivera fim. O menino aproximou-se do casal com um prato na mão. Estava se empanturrando de guloseimas, mas Kagome não o recriminou como faria em outra circunstancia. Era um dia de festa, afinal! -Você não tentou pegar o buquê da Sango! –ele disse. -Ora, deixei para as outras meninas. E os dois iniciaram uma conversa. Inuyasha sorria sem parar. Estava ali sua família! Naquele momento ele tinha vontade de abraçar o mundo. Até Sesshoumaru se aparecesse ali seria alvo do amor de Inuyasha. Estranho que quanto mais se ama, mais se quer amar, ele pensou. Então ele sentiu o cheiro. Droga! Tentou desviar os olhos, mas não queria ser covarde. Kagome largou sua mão e falava com Shipou sobre Miroke e Sango. Ela não percebeu que ele mudou o semblante. Inuyasha então olhou por um momento para a floresta ao lado. Kikyou. O que ela queria? Era só o que faltava! Depois de tudo que havia acontecido, o que ele não queria no momento era ver a sacerdotisa. Mas ela o chamou. Inuyasha não queria ir. Se Kagome ousasse imaginar que Kikyou neste momento tentava falar com Inuyasha, ela iria voltar a rejeitá-lo. Mas podia ser algo importante. E se houvesse acontecido algo? E se Narak voltou a vida? Se algum outro inimigo surgiu? Não odiava Kikyou. Só não a amava. Sentia um carinho quase fraternal, mas não era desejo. Iria vê-la por um instante e descobrir o que queria. Deixaria claro que não desejava mais uma aproximação. Precisava disso porque nunca mais queria fazer Kagome chorar. -Kagome – ele a puxou pelo braço chamando sua atenção. – eu já volto. Ela sorriu carinhosamente. -OK. –disse tranquilamente. Inuyasha então desceu as escadarias próximas à aldeia e sumiu de vista. -Inuyasha ficou estranho de repente, percebeu Shipou? - ela comentou. -Não, mas eu o percebi abraçando você durante a despedida da Sango e do Miroke – disse Shipou sorrindo. – aliais, eu e todos da aldeia! Ela enrubesceu e mudou de assunto. Inferno! O que ela queria agora? Tudo tinha se encaminhado pra um final feliz e Inuyasha não queria mais uma complicação para sua vida. Encontrou Kikyou próxima a arvore em que ele foi selado. Kikyou era linda. Maravilhosa! Lógico, ela era igual fisicamente a Kagome. Mas existia algo em Kagome que faltava a Kikyou. E este algo a mais fazia o coração do meio youkai bater mais forte. Como foi burro em não ter percebido isso antes? O pior era que Kikyou também sofreria com sua decisão tardia. Se ele houvesse deixado as coisas as claras logo no inicio, Kikyou poderia já tê-lo esquecido. -Você fez sua escolha – a bela sacerdotisa quebrou o silencio. Inuyasha sentiu pena dela. Kikyou nunca deixaria de ser alguém sozinho, mesmo que ele a tivesse escolhido. A solidão dela estava dentro de si. -Eu amo a Kagome, Kikyou. -Eu sei. Eu soube desde a primeira vez que vi vocês dois juntos. -Me perdoe. Ela sorriu e se aproximou. -Adeus, Inuyasha – e pousou seus lábios sobre os dele. Foi um beijo rápido. Uma despedida. Inuyasha percebeu naquele momento que nunca mais a veria. No fundo, era um alivio. Ele não correspondeu ao beijo, somente se permitiu ser beijado. Não podia maltratar Kikyou. Jamais teria esta coragem. Quando os lábios se descolaram ele percebeu que ela chorava. Droga, não queria que ela fosse infeliz. No seu intimo, fez uma oração para que ela encontrasse um grande amor. Kikyou era linda e um dia alguém a amaria. Porque ele não a amava mais. Se é que um dia a amou. Então Kikyou deu-lhe as costas e saiu em direção à floresta. Ia embora para sempre. Inuyasha acompanhou com os olhos seu passado ir embora. A pedra havia sido colocada. Agora era o futuro que tinha a frente. Kagome... Seria muito feliz com ela. A amava mais que a vida! Iriam viver juntos os três. Ele, Kagome e Shipou. Mais tarde os meios youkais que viessem! Queria ter um monte de filhos com ela! Mas viu seus sonhos naufragarem ao virar de volta. Kagome o encarava encostada em uma arvore. Não! Ela viu tudo! Quando uma lagrima solitária escapou dos olhos dela ele saiu do estado de torpor. Tentou caminhar em direção a ela, mas ela impediu com uma das mãos. -Eu te odeio, Inuyasha. – disse fria e calmamente. Após virou-se e saiu em dispara para longe dele. Continua...

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