sábado, 26 de abril de 2008

Episódio IX


Era atual -Kagome, abra a porta. Precisava falar com ela, mas a menina insistia a deixar a entrada fechada. E não era só a porta física. Seu coração também se mantinha fechado ao Youkai. Será que Inuyasha conseguiria demonstrar a ela todo o seu amor? -Por favor, Kagome. Foi tudo um mal entendido... Como se explicar? Será que ela o ouviria? Ele duvidava que fosse fácil, mas sabia que a jovem mantinha os mais profundos sentimentos em relação a ele e talvez ela lhe desse uma chance. -Mal entendido? – ele a ouviu gritar – entreguei meu coração a um certo youkai e ele me humilhou e me traiu. Não há mal entendido nenhum. -Que cretino - brincou Inuyasha. – Eu sei que você viveria melhor sem ele... mas ele não consegue viver sem você! Kagome estava sentada sobre a cama. Ela ouviu Inuyasha se encostar-se à porta. Por que ele dizia todas aquelas coisas? Era como dar um doce a uma criança e depois toma-lo de volta sem piedade. Então se levantou e chegou-se a porta. Encostou a testa na madeira fria tentando clarear os pensamentos. -Um mal entendido- ela murmurou. -Sim, amor... Um mal entendido - ele confirmou suspirando. Como queria acreditar nele, mas sabia muito bem que Inuyasha não era digno de confiança. Não era a primeira vez que a apunhalava pelas costas. Dar vazão aos seus sentimentos seria atestar seu atestado de burrice. Ele já fizera aquilo tantas vezes antes, tantas promessas vazias. Por que agora seria diferente? -Você tem cinco minutos pra me explicar sua versão e depois disto vai embora. Por que estava dando aquela oportunidade a ele? Tola! Mande-o embora de uma vez, clamava seu cérebro, mas o coração lutava contra. -Abra a porta. –ele pediu. -Com a porta fechada. –ela foi categórica. Inuyasha tinha um estranho poder sobre ela. Seu cheiro enlouquecia a moça, fazendo-a enlouquecer de desejo. Sua voz a dominava de uma maneira estranha. A presença em si dele a deixava entorpecida. Não queria arriscar a perder o controle dos seus movimentos como havia acontecido naquela noite em que ela dormiu com ele. Se ele encostasse-se a ela tinha certeza que mandaria pro inferno toda a racionalidade. Pouco se importaria se ele a tivesse traído ou não a amasse, ela sabia que iria dividir a cama com ele de novo. E isso ela não queria arriscar mais. Inuyasha respirou fundo, e ela retirou correndo a mão da chave para não cair em tentação. -Minha versão? — repetiu. — Pensei que fosse óbvio. -Pois não é! -Vim para explicar o que você viu na festa do casamento da Sango com o Miroke. –ele ficou desconcertado. Droga, o que falar? Como explicar que aquela cena de beijo não havia sido sua culpa? Kagome jamais acreditaria nele. -Kagome... –ele tentou - eu amo você. -Ama? Já lhe disse que temos idéias diferentes sobre o amor. -Temos a mesma idéia, raios! -Não, não temos – ela falou alterada – e amaldiçôo o dia em que conheci você! Que mentira deslavada. Sofrera muito por causa dele, é verdade, mas também viveram momentos inesquecíveis. Mas estes momentos recompensariam a dor? -Não fale assim, Kagome – ele tentou. -Esta tudo acabado. “Voltamos à estaca zero”, pensou Inuyasha. Não estava nada acabado, mas a moça do outro lado da porta era mais teimosa que ele quando queria. -Na verdade, acho que eu nunca deixei que iniciasse – ele murmurou rouco. Sim. Se passava por tudo aquilo era culpa exclusivamente dele. Tinha um tesouro nas mãos e o abandonava cada vez que Kikyou aparecia. Nunca merecera todos os sentimentos de Kagome, mas mesmo assim usufruirá deles a sua mera vontade. Agora pagava pelo seu crime. O crime de ser fraco! Kagome não sabia, mas ela era a única mulher no mundo com o poder de destruí-lo e fazia exatamente aquilo. -Seus cinco minutos estão acabando... -Então me escute- ele gritou desesperado- Já havia dito a Kikyou que eu queria você. Mas ela disse que eu não teria chances, então vim a sua procura e nos dois acabamos fazendo amor. Você me fez acreditar que eu tinha te machucado e eu me senti o pior dos lixos do mundo. Então voltei pra minha era e quando você apareceu no casamento da Sango eu realmente pedia desculpas. Eu amo você e queria ficar com você. Então Kikyou apareceu. Ela me chamou e eu fui atrás dela não porque a amo, mas porque estávamos nos despedindo. Ela havia compreendido que era meu passado e você agora é meu futuro. – ele despejou tudo rapidamente. Houve um silencio. O vento batia na janela. Kagome tentou absorver aquelas informações, mas ainda existiam coisas que não fechavam. -E daí? –ela disse finalmente – vi você com ela nos braços. Vocês estavam se beijando! -Não estávamos nos beijando. Ela me beijou de surpresa. Droga! Você sabe qual é a diferença. Kikyou me beijou varias vezes e algumas, eu correspondi. Mas você viu este ultimo beijo. Eu não retribuí a ele! -Não vi diferença nenhuma. Ela disse isso, mas sua cabeça tentava desesperadamente se lembrar do beijo. Mas não conseguiu, pois quando vira os dois, só enxergara vultos, com os olhos cheios de lagrimas. -Lembra quando você me beijou no castelo? Ali eu correspondi. Se ele estava tentando fazer comedia, não estava conseguindo. -Seus cinco minutos acabaram. Vá embora. -Tomei um susto quando ela me beijou, Kagome. Mas era uma despedida. Kikyou esta enterrada há muito tempo pra mim, mas eu não percebia isso. Não posso ir embora Kagome... Amo você... -Pare de falar isso! Amor...? –ela balançou a cabeça negativamente com um sorriso triste. -Um dia você me disse que tudo que desejava na vida era que eu fosse feliz. -E...? -Estou aqui. Kagome enrijeceu-se, quando o significado das palavras pene­trou a armadura de sua ira. Apertou os lábios, tentando controlar os soluços que vieram sem aviso. Inuyasha sabia que ela lutava contra o que ouvira... que conti­nuava decidida a expulsá-lo de sua vida. Paralisado na angústia da espera, ele aguardou. Então, lentamente, a porta foi se abrindo. Kagome apareceu nela com os olhos marejados. Porque a fazia sofrer se a amava tanto? O coração dele então disparou, tomado de júbilo. Ele vencera! Podia ver isso no rosto dela, que se suavizara embora de modo quase imperceptível. Vencera! Sim! Embora não fosse um jogo, o amor deles estava em questão. Sentindo uma vontade louca de tomá-la nos braços, ele esperou um sinal da sua parte. -Não vou facilitar as coisas para você — Kagome avisou em tom comedido. – Nem sei porque estou aqui, abrindo a porta e deixando que você minta desta maneira. Vai dormir comigo, e amanha quando voltar a era feudal e se encontrar com Kikyou, não vai nem se lembrar que eu existo. Ele compreendeu que, se a quisesse, teria de vencer a distância que os separava. Ela não daria um passo em sua direção, porque ainda não voltara a confiar no meio Youkai. Então, devagar ele foi em direção a ela. Segurou seu rosto com uma das mãos enquanto a outra circulava em sua cintura. Lentamente a puxou contra si apertando-a de encontro ao próprio corpo. -Não... não quero – ela murmurou. Em vão. Fechando os olhos ela se entregou mais uma vez ao poder que ele exercia sobre ela. Por mais ridícula que ela se sentisse não conseguia ou não queria resistir. -Me abrace também Kagome... Preciso tanto de você... Ela hesitou mais uma vez, mas por fim colocou os braços em torno do pescoço de Inuyasha. Os olhos se encontraram e numa maré de sentimentos e doçura trocaram juras secretas. Logo as bocas uniram-se num beijo delicioso. -Senti sua falta... Nunca mais me deixe – ele disse quando os lábios se separaram. Aos poucos o corpo dela relaxou. Parecia um sonho aquele momento e Kagome queria viver mais uma vez uma noite de amor. Ainda zonza ela só queria aproveitar o momento antes que acabasse. Os dois mantinham os corpos colados e ela, de ré, tentou ir ate a cama. Queria senti-lo mais uma vez. Mas logo percebeu, entre os beijos, que Inuyasha tremia. Desconcertada ela viu que na verdade ele ria. -O que? -Não Kagome.. Não quero! Como? Que humilhação! Ela se oferecia e ele a recusava! Queria abrir um buraco no meio do quarto e se enfiar nele de tanta vergonha! Mas... ela havia percebido um volume suspeito nas calças dele! Como pudera se enganar tanto? -Você não me quer? – disse tremendo de raiva ao ver que ele segurava a risada. -Oh, nossa, quero muito! Ofegante e confusa ela o encarou. -Então? -Não faremos mais amor desta maneira Kagome. Da próxima vez quero ter certeza que você é minha de verdade. -Eu sou sua... -Minha mulher! O que ele queria dizer com aquilo? -Hoje você esta confusa com tudo que aconteceu. Sinto que na nossa primeira vez, me aproveitei um pouco da situação. Se eu dormisse com você hoje teria certeza! Então ela sentiu tamanha ternura por ele que mal cabia em si. -Amanhã de manhã eu estarei em frente a arvore que nós nos conhecemos. Eu e Kaede. Ela ira nos casar! Mas a escolha é sua. Você terá uma noite toda pra pensar sobre tudo que eu te disse. Quero que tenha certeza e confiança em mim novamente. Não vamos iniciar nossa vida juntos de uma forma errada. Se você for amanhã é sinal que me aceitou e que tudo esta esquecido. Será uma prova de amor. Ela absorveu as palavras dele, e então disse de uma maneira cálida. -E se eu não for? Ele sorriu. -Se não for eu voltarei aqui e a seqüestrarei, então você se casara comigo de qualquer maneira, mas espero que não aconteça assim. Então ele se virou e foi embora. Kagome sentou-se na cama e tentou entender tudo que acontecera... era louco demais. -Filha... A voz da mãe a acordou da letargia. -Inuyasha foi embora? Ela não respondeu a pergunta da mãe, mas sorrindo a abraçou dizendo: -Vou me casar mãe! E vou me casar amanha! CONTINUA...

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